Progressão no peso em 2010:

desde 25.04.2010

26/05/09

As "amigas", os "namorados" e coiso e tal...

Sofro muito por ser gorda. Sofro por e para dentro. E para fora sempre transpareci isso com agressividade, uma pseudo-indiferença e uma falsa personalidade forte. Mas com os anos fui-me indo abaixo. A minha auto-estima nunca foi a melhor e havia sempre quem o notasse e se aproveitasse disso.

Como... as pseudo-amigas! Sempre tive só amigas magras e que se julgavam sempre melhores que eu, claro. Por isso, eu era sempre personagem secundário, senão mesmo figurante. E eu também não queria outro papel. Lido muito mal com a exposição, por medo do ridículo. Rapidamente um gordo pode passar de engraçado a motivo de chacota e nunca houve nada que mais me magoasse do que fazer rir os outros às custas dos meus maus bocados...

Lembrei-me que na faculdade, como estudante de jornalismo, colaborava num jornal académico e fazia cobertura dos jogos da equipa de futsal. Embora o jornalismo desportivo fosse a minha meta, o simples facto de entrar no pavilhão da universidade deixava-me desconfortável... cobrir os jogos também, pois o ambiente académico é cruel para as raparigas sem graça e... gordas, como eu. Ainda por cima tímida...

Acabei por engraçar como capitão de equipa. Os meus amigos acabaram por saber por comentários meus. Nada de grave.
Eu e esse capitão nunca chegamos a trocar palavras, a não ser numa fase mais adiantada. Eu acabei por deixar transparecer algo mesmo para a própria equipa porque fui pouco profissional e nas crónicas dos jogos destacava sempre de forma especial o capitão (grande burra, nem me apercebi disso). Alguns jogadores da equipa até chegaram a confrontar-me no gozo "tens alguma coisa com o capitão?". Até congelei, mas safei-me com ligeireza.

Com quem eu falava com frequência do interior da equipa era com o guarda-redes, que era feinho, magrinho e tinha uma enorme cicatriz no rosto que o deformava. E falavamos de forma muito natural sem qualquer segunda intenção de ambas as partes. Uma das minhas amigas, sempre muito saliente, tentou empurrar-me para cima dele e de forma descarada, com insinuações estilo "Tu e o XPTO... ele é que era gajo para ti. Vocês andam muito amiguinhos. Estão aqui, estão nos amassos", muita classe, portanto... Eu ficava indignada com ela: "Tu sabes perfeitamente que não há nada com ele e quem eu curto realmente". Mas ela dava a entender que para mim o capitão era bom demais e que o guarda-redes sim, era tipo para mim...Essa minha amiga chegou mesmo a espalhar a outros nosso amigos que haveria algo entre nós... e ela sabia o quão isso me irritava.

Como essa situação, acabou por haver outras ao longo da nossa "amizade". Eram sempre os feios, magros, ou gordos, mas pior ainda, eram os parolos, broncos, parvos, desinteressantes, aqueles que ela me atirava para cima. Como se fosse uma necessitada, minha arranjar homem, como se não tivesse direito a escolher, como se eu tivesse que me contentar com "as sobras" que as outras mulheres, as magras ou boazudas, não querem...

E como eu sei bem o que quero, continuo sozinha e não é por ser gorda que tenho que me submeter às "sobras". Por dentro sou uma mulher como as outras. Mais especial ainda, porque sou eu e não uma das outras. Tenho que gostar de mim antes de qualquer outra pessoa, pois se assim não for, quem gostará de mim?

E isto não quer dizer que prefira homens bonitos, musculados, super-inteligentes e sedutores. e pretira "as sobras" como tão deprecivamente me referi. Quer apenas dizer que sei o que quero, do que gosto, o que me seduz, como qualquer outra mulher. E que não ando desesperada por qualquer coisa, mas apenas em ser autenticamente amada, como qualquer mulher.

Senão, "antes só que mal acompanhada".


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