Progressão no peso em 2010:

desde 25.04.2010

03/07/09

A complexa mente de uma gorda

Tenho me sentido cansada. Fisicamente. Não me tem apetecido correr. Hoje não fiz caminhada. Tenho cometido asneiras, nas quais pensei que já não cairia. Hoje voltei a petiscar chocolate. Não tenho tido grande disciplina. Contudo, não perco o controlo como há meses atrás. Jamais regressar a esses tempos. E por isso o estrago é mínimo, porque controlo danos colaterais. Aprendi a fazê-lo. É uma das armas para se emagrecer e não voltar a engordar.

Sei que esta fase vai passar. Em poucos dias. Se calhar já amanhã. Porque eu tenho uma personalidade assim, volátil - ora tesa e disciplinada, ora mole e condescendente q.b. - que navega ao sabor da vontade hormonal e dos meus estados de humor, que são como as fases da lua.

E porque sou uma pessoa com uma auto-estima frágil, porque nunca fui magra, porque sempre ouvi as pessoas referirem-se a mim como "a gorda" e olharem-me como tal, e a odiar-me por isso, é-me complicado ainda deixar de pensar como uma gorda. Porque é o que sou afinal, ainda que menos que antes. E contudo sempre fugi de outros gordos, por receio de ser mais notada por isso e ficar mais susceptível a ser tratada como tal, às piadas, às descriminações, aos ostracismo... Uma ideotice, mas de quem? Minha? Ou do mundo?

Maior idiotice ainda é olhar para pessoas realmente obesas e não compreender porque ficaram assim e porque se deixam continuar assim. Na minha mente de auto-estigmatizada penso "se eu consegui, elas ainda mais depressa conseguiriam. Bastaria mudar alguns hábitos e quererem realmente isso e em poucos meses a maior parte daquela gordura evaporaria". É um pensamento rebuscado e ignorante. Penso aquilo que não gostaria que pensassem sobre mim. Eu, melhor que muita gente, sei quão complexa é a nossa mente. Sou uma insensível, eu sei. Mas o que acontece é que eu sempre tive pena de mim, só que isso nunca me fez emagrecer, nem o resto do mundo ser mais compreensivo em relação à minha figura deformada.

A realidade só se altera quando nós decidimos fazê-lo e levantamos o pandeiro do sítio. A "Gorda" diz que é uma vitória dela porque foi ela que se esforçou por isso e merece o reconhecimento. Com toda a razão. Se o conseguimos, é às nossas custas. Ninguém o faz por nós. Tudo o resto - as ajudas, os médicos, os medicamentos, os suplementos - são "placebos" como lhe chamo. Não fazem nada se não pusermos o esqueleto a trabalhar. É da nossa cabeça que parte a mudança. Da de mais ninguém.

Eu não tenho uma personalidade tão determinada como ela, a Gorda (que já não é gorda nenhuma), mas aproveito-me das fases em que sou assim, como a que se vai seguir estou certa. A minha personalidade é como um comboio que passa e pára várias vezes neste apiadeiro. Só tenho que estar atenta para quando passar aquele que me leva à estação. Ao meu ritmo. Com as paragens que são necessárias, ma so que interessa é lá chegar, não voltar atrás. E isso não vou deixar acontecer. Jamais.

2 comentários:

Vida de Gorda disse...

Ohhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh........
Vê acredita que eu sou tal como tu! Ás vezes determinada, ás vezes condescendente, nao tens que te martirizar por isso. Se eu fosse assim tao forte não tinha chegado a ter 111 kgs! E logo eu que era a coisa mais vaidosa deste mundo.

Nisto tudo temos que saber que isto vai ser para a vida toda. Se calhar não sempre com um blog, se calhar não ser com uma vigia tão apertada - porque espera-se que em algum tempo os bons habitos fiquem enraízados nas nossas cabeças. Deus me livre de andar sempre a pensar ah não posso isto, não posso aquilo. Tenho que passar a ser algo inato.

E tu já perdeste muito! Quase 20 kgs é imenso! Falta tão pouquinho! E estás óptima! Gostei particularmente do teu sorriso heheheheh:d

E que bom que é usar umas calças de ganga. Era das coisas que mais sentia falta, e acredito que tu tb.

Beijos e força

Manu disse...

:D miminho bom, "gorda". Um beijo e obrigada.