"Dá Deus nozes a quem não tem dentes"

No outro dia fui acompanhada por uma amiga às compras e a páginas tantas, a meio de uma conversa corriqueira, ela paralisa em frente a mim, põe uma expressão grave e diz: "Manu, até a tua fisionomia, os teus traços de expressão estão a mudar!", assim, a seco, completamente descontextualizado do que estávamos a falar.

Eu fiquei burra a olhar para ela e sem saber o que dizer-lhe face à estupidez da afirmação - "que raio de ideias terão encadeado naquela cabecinha até chegar àquela afirmação gloriosa? provavelmente coisas tipo 'fogo, nunca a vi assim, não tarda apanha uma doença... os sacrifícios que ela deve fazer..." - até lhe sair aquela pérola...

Devo ainda acrescentar que esta amiga que me disse isto, a L., e me tem feito outros comentários muito preocupados, tem menos de 50kg, mas auto-intitula-se de "falsa magra", o que até deve ser verdade, porque apesar de ela, aos 28 anos, parecer uma miúda de 13, ter uma estrutura óssea delgada, uma cinturinha de vespa, um rabinho jeitoso empinado e seios perfeitos e proporcionais ao resto corpo (para não falar de longos cabelos cor de mel, olhos verdes e pele leitosa) ela não tem músculo nenhum, diz ela mesma ser flácida, e come montes de porcarias que lhe catapultam o colesterol mau para níveis indecentes. Para a L. desporto que seja mais "violento" que Yôga está fora de questão e ando a convencê-la a tentar inscrever-se na natação, principalmente agora que começa a ficar insuportável, num estado de stresse permanente, desde que arranjou um novo emprego (a recibos, em casa) e deixou de ser apenas dona de casa recém-casada.

É também por isto tudo que eu já não perco tempo a repetir-lhe que tenho emagrecido de forma saudável e sustentável e que começo finalmente a sentir-me um ser humano normal, com um corpo mais próximo da normalidade, mas acima de tudo, uma mente sã, com uma vida sã. Mas ela isso já vi que não entende, pois já lho expliquei várias vezes..