Peso psicológico

Hoje tive 87kg. Ainda que ao acordar tenha visto na balança, pela primeira vez, os 65 redondos: 65,0kg. Quase, quase os 64kg. Não ando obcecada com os 64kg, mas sim pela leitura para além do número. O 64 é o atravessar da fronteira, para lá do que pensei ser possível quando meti na cabeça que "desta vez ou vai ou racha" quando comecei este blog. Na altura estava com 75kg e era 1 de Maio.
Também é certo que, desde que em 2006, na nutricionista, me foram pesados os 87kg e prescrito um plano alimentar, a partir daí foi sempre a descer o peso e nunca o recuperei. O que me aconteceu numa fase foi a estagnação, na casa dos 80, que durou até ao final de Dezembro de 2008, altura em que voltei a esforçar-me em perder peso, sempre sozinha, e - bem bom - lá se foram, de janeiro a agosto deste ano, mais 15kg (em oito meses). Há quem exiba performances bem mais competitivas e brilhantes, mas neste caso - a perda de peso - só compito comigo própria e não admito comparações. Eu é que sei o que o corpo gasta e como a alma é caprichosa. E cada um sabe de si.

Mas hoje tive 87kg... Que raio de dia este. Não foi mais nem menos complicado que os demais. Foi pasmacento até. Simplesmente deambulei ao sabor do capricho das minhas hormonas. Eu desconfio estar a sofrer de mais alguma alteração hormonal. Infelizmente é um mal de que padeço frequentemente por culpa da minha hipófise, uma glândula localizada na base do cérebro, responsável pela produção de parte das nossas hormonas. A minha tem uma pequena má formação e dá-lhe para, de vez em quando, descontrolar a sua produção. Mas quem se lixa sou eu, com alterações no humor, cismas, estados de alma depressivos, pequenas explosões acneias, períodos menstruais rebeldes, vinganças aplicadas no frigorífico e armários da cozinha, aumento súbito de peso... é desgastante!

E hoje pareceu-me ter regressado, subitamente, a uns 3 ou 4 anos atrás, quando sofria disso tudo e ainda pesava quase 90kg... Senti cansaço e sono durante o dia, não me apetecia fazer nada, não gostava de nada que vestia, sentia-me verdadeiramente com o mesmo peso de há 3 anos atrás e feia, as borbulhas parvas que me surgiram na cara, cujas anteriores ainda guardo cicatrizes (mesmo depois dos rios de dinheiro gastos em peelings químicos para tentar recuperar a pele perfeita que tinha) e agora à noite a desforra, das antigas, na cozinha (nem relato o estrago).
Regressei a um passado infeliz, do qual já havia esquecido estas sensações. Ultimamente sentia-me sexy, dinâmica e até poderosa. Na rua já noto olhares de apreço à minha imagem, os olhares que há meses eram distintos e que expressavam reprova pelo meu corpo "lá vai a gorda". E não é que hoje senti novamente esses? Estarei parva? Ou ando a aenganar-me agora achando que fiquei "boa" de repente? Nem me interessa a respsota. Interessa-me é não voltar a ter um dia destes...

O que vale é que, com os anos e as vivências, não deitamos assim, de um dia para a noite, os compromissos que assumimos connosco próprios a perder.
Apesar do que relatei, há um lado positivo no dia: fiz a minha caminhada religiosa de 1H15 (em que me senti com mais de 90kg, mercê uma terrivel prisão de ventre que me prendia os movimentos - poças, senti-me uma velha!) e depois da asneirada nocturna, fui-me retratar nuns puxaditos 180 abdominais, mais umas flexões e uns 10 minutos a pingar de bike. Vá lá, umas 350kcal pelo menos foram gastas... E ainda fiz um chá verde, para "limpar"...
É óbvio que a prisão de ventre foi-se num ápice (ela, que andou semanas arredada nos meus intestinos). Estou mortinha para voltar ao ginásio. Esse põe-me na linha.

Agora, ao fim da noite, depois do banhinho e de muito meditar sobre este dia, voltei a subir à balança e ela própria fez-me o resumo dos acontecimentos: 66,2kg. Eu sei que amanhã vou acordar com menos 1kg, mas foi bom ter acontecido este dia de cáca, em que a cabeça, ou as hormonas, nos pregam partidas, em que a menstruação nos faz sentir obesas, para ter decidido, o que vem nos próximos posts...