Progressão no peso em 2010:

desde 25.04.2010

11/06/09

Quando até a mãe e o pai pedem conselhos...

Aconteceu hoje e foi hilariante. Senti-me embaraçada.

Foi quando cheguei a casa vinda das compras, já à hora de almoço e o meu pai, castiço como sempre, quis saber o que eu trazia e ao ver a quantidade de chás afirmou: "eu também vou tomar chá desse"...
O meu pai, prodigiosamente, deixou definitivamente de fumar há um ano atrás, mas acabou por engordar bastante. Ainda tentou compensar com caminhadas matinais que fazia pelas 7h, durante uns meses, mas depois fartou-se... Também a condição física dele não lhe dá grandes oportunidades de fazer exercício físico, por causa de uma hérnia que ganhou causada por uma queda horrenda, a que assisti, e que foi o maior susto que apanhei na vida.

Mas voltando à vaca fria...

A minha mãe quis logo saber que compras eu trazia porque tem-se apercebido que tenho consumido coisas diferentes. Eu fecho-me em copas nesta coisa de emagrecer. Prefiro assim, detesto falar disso, pois toda a vida fui martirizada para emagrecer - mas martirizada no sentido de tortura psicológica, mesmo! - e prefiro fazer este caminho solitariamente, porque é da maneira que o faço melhor. Sou mesmo uma pessoa solitária, em todas as facetas da minha vida e faço por isso, não acontece contra minha vontade. Sou assim.

Regressando novamente à vaca fria (que dispersar é comigo mesmo)...

A minha mãe quis saber que chá tomava e apresentei-lhe o chá verde: "4 xícaras por dia... bem, 1 litro" já que era para ambos os meus pais. Depois acrescentei que não era só isso, que havia uma série de atitudes a tomar: comer de 3 em 3 horas, não saltar refeições, cortar em doces e gorduras como tenho insistido, regrar nas quantidades. E achei curiosas as perguntas deles - o meu pai "e um bolinho ao lanche não pode ser?". "Pai!! Bolinhos só uma vez por mês é que devia ser... vá para 'matar saudade', um por semana, mas um pequenino, tipo pastel de nata". Comer um docito de longe a longe não mata nem engorda...

Já a minha mãe via o que punha no frigorífico e queria saber porque só comia aquela gelatina (quando nós temos lá em casa instantânea e agora recurso-me a comê-la). Eu falei-lhe que aquela era a menos calórica do mercado: 10kcal, para quando queremos uma lambice ou sobremesa, para não sobrecarregar a refeição, nem ficarmos com peso na consciência.

Fiz chá depois do almoço e um café e ela assistia pelo canto do olho aos meus procedimentos. Falei-lhe também que não deito açúcar mas adoçante no café: "e isso adoça?". "Claro que sim!" :-)

Parecia que dava uma aula de reeducação alimentar aos meus próprios "alunos", quer dizer, pais! Principalmente, no caso, a minha mãe, que boa parte da minha vida me massacrou com "tens que emagrecer; mais tarde não arranjas trabalho" ou "mexe-te! é só engordar". E com o tempo fui-me retraindo e tornando-me uma pessoa mais introvertida, envergonhada, com a auto-estima muito down... Mas é óbvio que a culpa não era da minha mãe. Era de mim mesma.

Só comecei a mudar de atitude quando conquistei a minha independência financeira, quando vi que queria vestir-me de certa forma e não tinha tamanhos para mim, quando me interessava por algum rapaz e ele nem reparava em mim, ou, pior ainda, me rechaçava, e pela quantidade de situações quotidianas de descriminação... Bastava às vezes um olhar. Mas principalmente quando notei que estava a passar ao lado da vida, por não viver muita coisa boa e banal, limitada pela minha própria vergonha.

Hoje atrevi-me a vestir esta camisola sem nada por cima, a mesma que antes só usava por baixo de casacos porque me acentuava banhas e barriga. Ainda por cima tem riscas que, segundo os especialistas, "faz uma pessoa mais gorda". Mas eu sempre a adorei. E embora hoje não me sentisse perfeita, já me senti mais confortável e à vontade na minha "nova pele". Ainda sou gorda, é fácil de ver, mas o que eu era e o que sou hoje, é também responsável pela reacção dos meus pais. Eles notam que tem funcionado, que estou menos gorda. Muito menos. A minha mãe espanta-se com aquilo a que ela chama de "minha elegância".




O traseiro e a anca continuam do tamanho do Brasil...
Os meus ombros, torax e costelas são largos de família...
pouco mais devo adelgaçar por aí...
Mas dá para emagrecer mais, com certeza!, principalmente na barriga! (tem que dar..)

É uma motivação extra. Porém, a insegurança interior ainda é grande. Ainda me sinto gorda no pior sentido da palavra (ter vergonha de o ser), ainda me faz confusão olhar para a roupa nas lojas ("será que o L me serve?" e para me poupar procuro sempre o XL), e depois não tenho paciência para ver se algo me fica bem ou não e desisto! Venho-me embora.

Tenho que dar tempo a mim mesma. Se calhar agora está acontecer rápido demais. Desde a Páscoa que venho emagrecendo bastante e não quero parar. Isto é muito bom mesmo. Vale o sacrifício que, face aos resultados, se torna num prazer, numa compulsão. Só quero que a minha mente acompanhe a mudança física.

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