I LOVE MY FUCKING BODY

Well... sometimes...
Sempre travei uma batalha de ódio com o meu corpo. Enquanto andei com a "cabeça enfiada na areia" fingia que ele não era como era, fingia inclusive que ele não existia. Em momentos de lucidez, em que me olhava sem véus, sofria um choque ao deparar-me com a triste realidade e aí odiava-o. Odiava-me.
Sempre fui gorda. Por isso, não foi só com o meu ódio que tive que lidar. Talvez o que me magoava mais fosse o desprezo, a repulsa com que o meu corpo era olhado pelo mundo em geral. Por mais inteligente, perspicaz, original e interessante que o meu espírito fosse, o corpo deitava tudo a perder e tirava-me "pontos" em qualquer "corrida" onde "competisse".
Quando resolvi finalmente desenterrar a cabeça da areia custou. Doeu. Odiei ainda mais o meu corpo, por me submeter a alguns sacrifícios, a algumas vergonhas. Hoje olho para trás e digo que valeu a pena a coça. O meu corpo está menos volumoso, mais firme, com formas mais bonitas. Bem me pode agradecer a perseverança, o carinho, os cuidados, múltiplos mimos, quer com a alimentação, quer com o exercício, quer com cosméticos que o tornam num templo cada vez mais digno de me receber e ser admirado pelo memso mundo que antes o olhava com desprezo ou repulsa.
Eu amo o meu corpo, uns dias com paixão, outros com indiferença, mas jamais o remeterei novamente ao abandono.